Gazeta do Povo

Neste sábado (21), sites especializados em rastreamento de tráfego aéreo detectaram que diversos bombardeiros B-2 da Força Aérea dos Estados Unidos decolaram rumo ao Pacífico, enquanto o presidente Donald Trump avalia a possibilidade de um ataque ao Irã. Segundo a Casa Branca, o republicano estabeleceu um prazo de até duas semanas para tomar a decisão.

De acordo com os registros, os B-2 partiram da Base Aérea de Whiteman, localizada no Missouri, com destino a Guam, território norte-americano na Micronésia que abriga importantes instalações militares.

Fontes militares e do governo norte-americano, ouvidas por veículos como a CNN e o The New York Times, reforçaram que a movimentação não significa necessariamente uma ordem de ataque iminente, pois o deslocamento de equipamentos militares para pontos estratégicos é uma prática comum.

Ainda assim, a movimentação chama atenção porque, desde que Israel iniciou ofensivas contra estruturas militares e nucleares iranianas no último dia 13, Teerã já sofreu perdas significativas. Para alcançar a destruição completa de Fordow — a usina subterrânea de enriquecimento de urânio que fica a cerca de 90 metros abaixo da superfície —, a ajuda militar dos EUA é considerada crucial.

De acordo com a Agência EFE, apenas a bomba GBU-57/MOP, a versão mais potente da GBU-28, seria capaz de danificar Fordow. Essa arma de penetração maciça, com mais de 13 mil quilos, só pode ser transportada hoje pelos bombardeiros B-2 Spirit, embora testes já tenham sido feitos com o B-52.

Em serviço desde 1997, o B-2 Spirit opera a partir de Whiteman ou da base na ilha de Diego Garcia, no Oceano Índico, mas em breve deverá ser substituído pelo B-21 Raider, nova geração de bombardeiros furtivos.

O Irã confiava nas baterias antiaéreas russas S-300 para proteger Fordow de ataques, mas análises apontam que essas defesas foram severamente comprometidas após sucessivos bombardeios israelenses. Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), mais de 70% do sistema de defesa antiaérea iraniano foi neutralizado nos últimos dias.

Caso Washington autorize a ação, os bombardeiros B-2 — ou B-52, como alternativa — terão liberdade de voo para atingir o complexo subterrâneo, embora especialistas alertem que o sucesso de uma única operação não é garantido e ataques consecutivos podem ser necessários.

Para Jonathan Panikoff, pesquisador do Atlantic Council, os Estados Unidos devem optar por ataques pontuais, com o objetivo de conter a escalada do conflito. Segundo ele, o bombardeio de Fordow deve ser o único foco militar, contanto que o premiê israelense Benjamin Netanyahu aceite encerrar a guerra sem ampliar o objetivo para uma mudança de regime no Irã.

Panikoff também lembrou que o Irã provavelmente reagirá, como fez em 2020 após a morte de Qasem Soleimani, então chefe da Força Quds, mas acredita que uma retaliação proporcional pode abrir caminho para um desfecho controlado e menos devastador para a região.

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Adilson Costa