G1

O ator e um dos maiores nomes da televisão Francisco Cuoco morreu aos 91 anos nesta quinta-feira (19), em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da cidade. A causa da morte não foi divulgada.
Com 50 anos de carreira, Cuoco atuou no teatro, cinema e televisão. Na Globo, a estreia foi em 1970, na novela “Assim na Terra Como no Céu”, de Dias Gomes, interpretando padre Vitor.
O ator nasceu em 1933, no Brás, na região central de São Paulo, e teve três filhos: Tatiana, Rodrigo e Diogo.
Ídolo de atores mais jovens, principalmente quando chegou à televisão, Cuoco sempre se preocupou em ajudá-los com a técnica.
“É importante que o ator tenha uma percepção que eu chamo de inteligência cênica: o Francisco não faz determinadas coisas na vida real, mas seu personagem faz. Porque, às vezes, se você não tem experiência, faz uma coisa mecânica e sem alma. É importante que os personagens tenham vida própria… Eu prefiro que o personagem sufoque o Francisco””, disse ao Memória Globo.
Sua trajetória também foi marcada pela série de protagonistas que a novelista Janete Clair escreveu especialmente para ele. Um sucesso após o outro: o ambicioso Cristiano Vilhena, de “Selva de Pedra” (1972), noivo de Simone Marques (Regina Duarte), foi o primeiro deles.
Após interpretar o jornalista Alex, em “O Semideus” (1973), e o aviador garanhão Mário Barroso em “Cuca Legal” (1975), trama de Marcos Rey com direção de Oswaldo Loureiro, Cuoco foi convidado para fazer e o carismático taxista Carlão, em “Pecado Capital” (1975), de Janete Clair: “O Carlão tinha essa generosidade, essa coisa de olhar para o semelhante e ver o semelhante, não era um estranho para ele, era um igual. Eu acho que ele tinha a mágica do personagem popular”, disse ao Memória Globo.
Na novela, feita a toque de caixa para substituir a primeira versão de “Roque Santeiro”, censurada pela ditadura militar, ele disputava o amor de Lucinha (Betty Faria) com o empresário Salviano Lisboa (Lima Duarte). Anos depois, no remake de “Pecado Capital”, em 1998, o ator assumiu o papel de Salviano.
Cuoco ainda trabalhou em “O Outro” (1983), “O Salvador da Pátria” (1989), “Passione” (2010), “Sol Nascente” (2016), “Segundo Sol” (2018), entre outras novelas.
Entre o fim dos anos 1990 e o início de 2000, Cuoco dedicou-se ao cinema. Nessa época, participou de filmes como “Traição” (1998), de José Henrique Fonseca e Arthur Fontes, “Gêmeas” (1999), de Andrucha Waddington, “Um Anjo Trapalhão” (2000), de Alexande Boury e Marcelo Travesso, “A Partilha” (2001), de Daniel Filho, e “Cafundó” (2005), de Clóvis Bueno e Paulo Betti.
Em 2005, depois de mais de 20 anos de dedicação praticamente exclusiva à TV e aos filmes, ele voltou ao teatro — o ambiente em que começou sua carreira. Em “Três Homens Baixos”, dividiu o palco com Gracindo Jr. e Chico Tenreiro.
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O ator Francisco Cuoco na novela ‘A vida da gente’, de 2011 — Foto: João Miguel Júnior/Globo
Vida em SP
Francisco Cuoco nasceu no bairro do Brás, em São Paulo, em 29 de novembro de 1933.
Segundo o Memória Globo, o ator sempre se recordava do terreno baldio em frente ao sobrado onde morava com os pais, Antonieta e Leopoldo, e a irmã, Grácia. Era ali que, vez por outra, um picadeiro surgia diante dos olhos do menino: “Era um universo que me fascinava”.
E bastava o circo partir para Francisco atravessar a rua e fazer daquele quintal o seu palco. “Eu encenava uns diálogos engraçados para os vizinhos, tudo imaginação de criança”.
Aos 20 anos, ao fazer o vestibular, trocou o Direito pela Escola de Arte Dramática de São Paulo. Era o auge dos grandes estúdios de cinema, como a Vera Cruz. E Francisco Cuoco sonhava com aquele mundo para ele. Quatro anos depois estava formado e fazendo parte do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). E em 1959, ingressava no Teatro dos Sete.